Existe quem acredite que advogados e mediadores de conflito são concorrentes. Mas na verdade, a mediação pode ser de grande valia para auxiliar advogados. Neste artigo vamos ver alguns exemplos.
A crise do judiciário brasileiro chegou a tal ponto que até os advogados estão sendo prejudicados. A incerteza jurídica e a morosidade são tão grandes que a própria reputação dos advogados vem sendo colocada em questão. Do que adianta contratar os melhores profissionais se o processo vai levar anos para ser julgado e ninguém consegue estimar o resultado?
Mas, felizmente, o Novo Código de Processo Civil (CPC) trouxe uma alternativa para aliviar esta situação: a mediação de conflitos. A mediação nada mais é do que uma nova rodada de negociações, coordenada por profissionais especializados, que atuam em conjunto com os advogados para ajudar as partes a encontrar uma solução mais rápida e menos onerosa (Link para artigo sobre custos do processo).
Quase todo processo judicial vem precedido de infrutíferas negociações. Algumas mais estruturadas, outras menos. Algumas onde os advogados fizeram parte das negociações, outras não. Mas em geral, só quando o cansaço toma conta das partes envolvidas, ou acaba a esperança de se encontrar uma solução, é que o Judiciário é acionado.
E aqui vem a primeira situação em que mediadores podem auxiliar advogados: os mediadores irão transformar a negociação. A mediação não só contempla inúmeras técnicas de negociação, diferentes das rotineiramente usadas, como o fato do mediador de conflito poder conversar abertamente com cada uma das partes, em confidencialidade, muda completamente o diálogo. Sem contar quando se faz necessária a negociação entre integrantes de um mesmo lado ou quando uma das partes não sabe negociar. Com frequência a mediação tem êxito em casos onde negociar parecia absolutamente impossível.
Em todos esses casos o mediador pode ir aonde os advogados da parte adversa não conseguem. Ele pode fazer perguntas que seriam inaceitáveis se viessem do lado oposto e buscar soluções que jamais seriam possíveis sem se conhecer plenamente os interesses de cada um dos envolvidos. Um profissional neutro, externo ao problema, muda completamente a negociação.
A segunda situação onde a mediação pode auxiliar advogados está relacionada à incerteza jurídica. Todo advogado conhece a capacidade dos juízes em emitir sentenças surpreendentes. Leis antigas, vagas e até ambíguas, contratos mal escritos, interpretações dúbias em relação à qualquer artigo legal e jurisprudências contraditórias são algumas das razões porque isso acontece com tanta frequência. Mas o fato é: acontece com razoável regularidade. Na mediação, os argumentos legais de cada advogado podem ser expostos e discutidos, de forma construtiva, objetivando ajudá-los a reavaliar suas verdadeiras chances e os riscos envolvidos numa longa disputa judicial. Já vi muitos advogados reverem suas recomendações para seus clientes depois de conhecerem melhor os argumentos da outra parte.
Terceira situação: “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”, já dizia o ditado popular. Esperar anos por uma sentença não prejudica apenas os clientes, prejudica também os advogados. A mediação é uma ferramenta criada para reduzir riscos financeiros e antecipar recebíveis. Além de reduzir a inadimplência dos clientes dos escritórios de advocacia e dar fim aos casos que não são mais financeiramente interessantes. Advogados, como quaisquer profissionais, precisam ser devidamente remunerados. E para usar outro ditado: “tempo é dinheiro. E risco tem preço”.
Uma quarta situação: o escritório atua em diversas áreas, mas o cliente vem pedir ajuda justamente numa questão onde o escritório não atua. Até recentemente, os advogados tinham duas opções, tentar ajudar o cliente com o que lembra do assunto, sem grande profundidade, ou indicar o cliente para outro advogado. Mas nenhuma das duas opções traz muito conforto. A mediação privada é uma terceira alternativa. O advogado pode envolver um mediador e ajudar seu cliente a resolver a questão, sem precisar levar o litígio adiante. O cliente vai ficar ainda mais satisfeito e o core business do advogado não precisa ser ameaçado.
E por fim, por mais fiel que seja o cliente, ele satisfeito é muito mais rentável do que não satisfeito. Ele traz novos casos, indica seus advogados para terceiros com mais frequência e confia mais neles quando estes indicam o litígio como o melhor caminho. E hoje, um dos principais aspectos que levam à insatisfação dos clientes é a morosidade. Estar certo é bom, mas perde grande parte do seu valor quando é preciso esperar anos para se provar que estava correto.
Por fim, a mediação não tem a pretensão de resolver todos os casos do mundo, mas certamente pode ajudar a resolver muitos deles. Você que é advogado, procure um mediador e entenda melhor como a mediação pode auxiliar advogados em cada caso. E acredite, por mais difícil que pareça, negociar sempre é possível. Só precisa ser feito de maneira diferente do que já foi tentado até agora.
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